Segundo a pesquisa Estatísticas de Gênero do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 2018, as mulheres recebiam, em 2016, 76,5% do rendimento dos homens, apesar de 16,9% delas terem ensino superior completo, contra 13,5% do grupo masculino.
Esses dados revelam as desigualdades enfrentadas pela mulher no mercado de trabalho, mesmo quando as pesquisas mostram que elas superam os homens na questão da escolaridade — fato que deveria ser valorizado pelas empresas.
Neste artigo, vamos mostrar como está a presença feminina no ambiente corporativo, (principalmente em cargos de gestão), como elas podem superar esses obstáculos e as vantagens para as empresas de ter uma mulher nas posições de liderança. Acompanhe!
Qual é a participação das mulheres em cargos de gestão?
Quando se trata de ocupar cargos de gestão, há ainda um longo caminho para que se conquiste a igualdade de gênero, tanto no Brasil como em outros países. Para se ter uma ideia, da lista com as maiores companhias do mundo, do ranking anual Fortune 500 de 2108, somente 24 delas tem uma mulher CEO. Em 2017, o número era maior: chegou a 32 profissionais nessa posição.
No Brasil, uma pesquisa trouxe um dado mais animador. A International Business Report (IBR) – Women in Business, realizada pela Grant Thornton com 5 mil companhias de 35 países, apontou que 29% das empresas brasileiras têm liderança feminina, contra 24% da média global.
No entanto, os dados do IBGE mostram outro cenário. De acordo com a pesquisa Estatísticas de Gênero, elas ainda são minoria nos cargos mais altos, tanto no setor público como no privado. Apesar de as mulheres representarem mais da metade da força de trabalho brasileira (51,7%), apenas 37,8% delas estão em posições gerenciais.
Para o IBGE, os cargos gerenciais na esfera privada englobam desde diretorias até gerências das companhias. Já na esfera pública contemplam tribunais e diretorias de órgãos do governo — cargos que podem ou não exigir a aprovação em concurso público.
Como elas podem enfrentar as dificuldades?
As mulheres enfrentam uma série de obstáculos, que vão desde um pensamento arcaico e machista, que desvaloriza a competência feminina no trabalho, até o assédio que muitas delas ainda enfrentam no ambiente corporativo.
Além disso, as profissionais precisam se dividir entre o trabalho e afazeres com a casa e filhos. O levantamento do IBGE apontou que elas dedicam 18,1 horas semanais com essas tarefas, enquanto os homens dedicam 10,5 horas.
É claro que isso tem impacto na oferta de emprego para a mulher, que pode perder oportunidades por não conseguir a flexibilidade que precisa para dar conta de todas as funções.
Apesar das estatísticas, é importante que elas reajam e garantam seu lugar no mercado de trabalho. Dessa forma, é fundamental:
não deixar de estudar — as mulheres não devem parar ao conquistar o ensino superior. É importante que realizem cursos de pós-graduação, como especializações e MBA, para que consigam valorizar ainda mais o currículo;
ter autoconfiança — a cultura machista afeta muitas mulheres que, apesar de sua formação e competência, não se sentem capazes de assumir cargos com maior responsabilidade. É preciso se autoconhecer e ter autoconfiança para crescer na carreira, apesar das dificuldades;
saber negociar — elas precisam deixar claro suas competências e o valor que têm para as empresas para, dessa maneira, saber negociar salários e cargos mais altos com seus superiores.
Além disso, é essencial que mulheres que já ocupam cargos gerenciais levem essa luta adiante e valorizem as profissionais da sua equipe, saibam reconhecer os talentos e também incentivem seu crescimento para que assumam posições de liderança.
Seria muito fácil modificar esse quadro se dependesse somente da mobilização da mulher no mercado de trabalho. É importante também que a sociedade exija políticas públicas que facilitem a inclusão das mulheres no mundo corporativo, com a universalização, por exemplo, de acesso a creches e escolas infantis de tempo integral.
Reduzir a discriminação de gestantes e mães no ambiente organizacional também faria uma enorme diferença para que essas mulheres possam ascender profissionalmente.
Quais são as características da liderança feminina?
Empresas que dão espaço para o crescimento das mulheres só têm a ganhar. As profissionais fazem diferença no ambiente organizacional e também no sucesso do negócio. Veja a seguir algumas características da liderança feminina:
multitarefa — elas têm a capacidade de ter um bom desempenho em várias atividades ao mesmo tempo e, assim, podem gerenciar assuntos diferentes com tranquilidade;
organização — como as mulheres se preocupam com um ambiente mais ordenado, a chance de erros nas tarefas acaba sendo menor;
bom relacionamento interpessoal — as profissionais, geralmente, sabem lidar bem com pessoas de diferentes temperamentos e, assim, são capacitadas para mediar e evitar conflitos;
flexibilidade — as mulheres conseguem se adaptar a diferentes cenários e mudanças de estratégias, habilidade importante para o dinamismo do mercado;
resiliência — quando algo dá errado, as mulheres não se abatem e tentam entender os pontos falhos para recomeçar e tentar fazer melhor;
habilidade de comunicação — elas conseguem transmitir de forma clara as mensagens, além de dar e receber feedbacks. Assim, mantêm boas relações com outros colaboradores e clientes;
empatia — as mulheres têm sensibilidade para se colocar no lugar do outro, habilidade importante para cargos de gestão e para a condução das equipes.
Por que é importante que o mercado de trabalho se torne igualitário?
O mundo muda rapidamente, com vários avanços em tecnologias e modelos de gestão. Contudo, muitas empresas ainda têm um pé no passado quando se trata de igualdade de gênero em seu quadro de colaboradores.
É fundamental mudar essa mentalidade, que não combina mais com a era atual. Os gestores devem entender que tanto os homens como as mulheres podem agregar valor ao trabalho e que, independentemente do gênero, devem ser valorizados pelo seu esforço e competência e incentivados a crescer profissionalmente.
De modo ainda lento, a presença da mulher no mercado de trabalho vem aumentando. As empresas precisam perceber claramente que não há mais espaço para qualquer tipo de discriminação e, dessa forma, dar oportunidades iguais para qualquer cargo.
E você? Como avalia a situação das mulheres hoje no ambiente corporativo? Deixe seu comentário no post!