Ser multitarefas é visto constantemente como uma característica positiva, pois traz a sensação de cumprir mais afazeres em menos tempo. Mas será que, na prática, realmente é assim?

Na realidade, estudos mostram que realizar diversas tarefas pode comprometer a produtividade e a qualidade daquilo que está sendo feito.

Ao longo deste artigo, veremos em mais detalhes o que os especialistas alegam, assim como os resultados desses levantamentos. Portanto, continue acompanhando para entender como as multitarefas podem ser prejudiciais!

Falta de foco

Segundo o psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi, um dos segredos para a produtividade — e até mesmo para a felicidade — está no chamado “flow”, um estado mental de foco e fluidez. Quando acessamos a fluidez mental, nossa concentração e capacidade de produção alcançam níveis elevados, assim como o prazer em executar a tarefa.

No momento em que nos concentramos verdadeiramente em uma coisa, o cérebro automaticamente “desfoca” o restante — é como se fosse um filtro natural. O problema é que, ao ser multitarefas, uma pessoa perde a chance de entrar em fluidez e colher os benefícios do flow. Portanto, organizar sua agenda de modo a permitir realizar uma tarefa por vez é uma maneira de acessar esse estado de foco e concentração.

Perda de tempo

Ao contrário do que se imagina, ser multitarefas leva à perda de tempo. Quando alterna de uma ação para outra, o cérebro gasta vários minutos até entender o contexto e as variáveis que são utilizadas na nova tarefa. Segundo Christian Barbosa, autor do livro A Tríade do Tempo, esse período de adaptação entre duas tarefas pode variar de 11 a 72 minutos. Quanto mais complexas forem as atividades, maior será o tempo perdido.

Por experiência, normalmente sabemos que grandes desafios naturalmente exigem uma dedicação exclusiva. Por outro lado, é comum distribuir diversas tarefas pequenas ao longo do dia, alternando-as com outras mais importantes. No entanto, o mais indicado seria separar um horário para se dedicar a esses afazeres menores, realizando um de cada vez.

Queda na qualidade

Leandro Teles, neurologista da Academia Brasileira de Neurologia, explica que o cérebro utiliza as memórias, criatividade, raciocínio lógico e capacidade de adaptação diante de desafios, o que é chamado de função executiva. Porém, no modo multitarefas, o cérebro automatiza um dos afazeres para que essas ferramentas sejam utilizadas pelo outro.

Em outras palavras, uma das tarefas recebe recursos, enquanto a outra é feita de forma quase inconsciente. Contudo, as trocas constantes podem fazer com que ambas as ações sejam realizadas sem real consciência. O que ocorre é que, apesar de termos a impressão de estar fazendo duas ou mais coisas ao mesmo tempo, não estamos executando nenhuma delas com eficiência. Portanto, o ideal é ficar atento e observar a “robotização” das tarefas.

Estresse e ansiedade

Ainda segundo a neurologia, trocas rápidas entre tarefas fazem com que aumente a liberação de cortisol e da adrenalina, hormônios ligados ao estresse e à ansiedade. Com isso, também cresce o risco de depressão, hipertensão, diabetes até obesidade.

Um estudo realizado pela Universidade da Califórnia comparou os batimentos cardíacos dos funcionários que tinham acesso ao e-mail do escritório com os batimentos dos trabalhadores sem acesso ao e-mail. Quem podia acessar as mensagens eletrônicas registrou frequências cardíacas mais altas, enquanto o segundo grupo sofreu menos estresse. Fechar aplicativos, afastar o smartphone e focar somente em um software por vez aumenta os resultados e diminui a ansiedade.

Redução da memória

A mudança rápida de uma tarefa para outra também afeta a memória de curto prazo. Segundo a Universidade da Califórnia, quando temos diversas informações sendo processadas ao mesmo tempo, a tendência é utilizar nossa energia para focar naquilo que parece mais importante. Se por um lado isso parece uma notícia boa, por outro há perdas claras no que diz respeito às informações secundárias — que normalmente são necessárias para concluir tarefas importantes.

Uma simples olhadinha no celular já pode ser suficiente para reduzir drasticamente a capacidade de armazenar informações. Por exemplo, quando uma pessoa conversa com outra sem desgrudar do smartphone, ela não conseguirá prestar verdadeira atenção àquilo que está sendo falado. Inclusive, uma prática recomendada é criar uma regra na qual todas as pessoas devem deixar o telefone de lado durante as reuniões de equipe.

Inibição da criatividade

Na tentativa de ser multitarefas, não é só a atenção e a capacidade de concentração que diminuem: a criatividade também. Com a redução da memória de curto prazo e a queda na capacidade de utilizar informações e raciocínios lógicos, fica muito mais difícil criar conceitos e ideias.

Além disso, a presença de cortisol e adrenalina faz com que o cérebro foque em funções primitivas (como a autodefesa e o ataque), deixando de acessar o lobo frontal (área responsável pelo pensamento crítico e criatividade). A tendência, então, é que as tarefas sejam executadas de forma mediana ou automática, inibindo a real inovação. Portanto, se uma pessoa realmente deseja pensar em um novo produto ou em uma solução criativa para um determinado problema, é preciso concentrar toda a sua atenção naquela demanda.

Aumento da quantidade de erros

Como consequência da inabilidade que o cérebro tem de focar em diferentes objetivos ao mesmo tempo, o modo multitarefas acaba aumentando a quantidade de erros. Em uma empresa, isso pode se tornar desastroso, gerando prejuízos ou até perda de clientes.

Para evitar o acúmulo de funções e a falta de foco, o consultor Christian Barbosa recomenda planejar sempre os três dias seguintes de trabalho. Segundo ele, quem planeja apenas o dia atual tem uma tendência maior a desfocar e acabar caindo no multitarefas.

Enfim, ao contrário do que se pensa, executar diversas atividades ao mesmo tempo pode trazer várias consequências negativas. Portanto, o ideal é deixar de ser multitarefas e procurar se concentrar em uma ação por vez. Isso faz com que o profissional ganhe foco, qualidade, tempo e concentração, além de diminuir a incidência de erros.

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